GREVE (Gioconda Belli, poeta de luta nicaraguense, trad. Jeff Vasques)
Quero uma greve onde vamos todos. Uma greve de braços, pernas, de cabelos, Uma greve nascendo em cada corpo.
Quero uma greve de operários, de pombas, de motoristas, de flores, de técnicos, de crianças, de médicos, de mulheres.
Quero uma greve grande, que até o amor alcance.
Uma greve onde tudo se detenha, o relógio das fábricas, o campus, os colégios, o ônibus, os hospitais, a estrada, os portos.
Uma greve de olhos, de mãos e de beijos. Uma greve onde respirar não seja permitido, Uma greve onde nasça o silêncio para ouvir os passos do tirano que se vai.
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