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mau tempo para a poesia


MAU TEMPO PARA A POESIA (Bertold BRECHT, Alemanha, 1898-1956)

Sim, eu sei: só o homem feliz É querido. Sua voz É ouvida com prazer. Seu rosto é belo. A árvore aleijada no quintal Indica o solo pobre, mas Os passantes a maltratam por ser um aleijão E estão certos. Os barcos verdes e as velas alegres da baía Eu não enxergo. De tudo Vejo apenas a rede partida dos pescadores. Por que falo apenas Da camponesa de quarenta anos que anda curvada? Os seios das meninas São quentes como sempre. Em minha canção uma rima Me pareceria quase uma insolência. Em mim lutam O entusiasmo pela macieira que floresce E o horror pelos discursos do pintor. Mas apenas o segundo Me conduz à escrivaninha.

(Brecht; poemas – 1913-1956. Trad. Paulo Cesar Souza. Brasiliense, 1986. p. 229.)


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