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Ata - Roque Dalton 

  • Foto do escritor: Trunca
    Trunca
  • 2 de fev. de 2020
  • 1 min de leitura

ATA (Roque Dalton, El Salvador, 1935-1975) Em nome de quem lava roupa alheia (e expulsa da brancura o sebo alheio) Em nome de quem cuida de filhos alheios (e vende sua força de trabalho em forma de amor maternal e humilhações) Em nome de quem habita um domicílio alheio (que já não é ventre amável mas sim uma tumba ou cadeia) Em nome de quem come pães amanhecidos alheios (e ainda assim mastiga-os com sentimento de ladrão) Em nome de quem vive num país alheio (as casas e as fábricas e os comércios e as ruas e as cidades e os povos e os rios e os lagos e os vulcões e os morros são sempre de outros e por isso estão aí a polícia e a guarda protegendo-os de nós) Em nome de quem o único que tem é fome exploração doenças sede de justiça e de água perseguições condenações solidão abandono opressão morte Eu acuso a propriedade privada de privar-nos de tudo. (Tradução: Jeff Vasques e Lucas Bronzatto) Foto: Chile 2019




 
 
 

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